Sunday, August 3, 2014

Soneto Lunar

Quando a prata cintilante rasga a penumbra
E suas manchas silhuetam o coelho selênico
- padroeiro supremo das causas etílicas -
O ritual, cá embaixo, na cachola reslumbra

Na Baixa ou na Alta, na Ribeira ou no beco
Estilhaçamos palavras em rajada e bravata
Orações seculares em goles secos permutam
Vagueamos em prosa, um mineiro e um tcheco

Consumimos ruelas e defloramos garrafas
Deixamos um rasto de poesia revoltada
E afogamos no álcool as vigências amorfas

Esmiuçamos quimeras da esfera que translada
E que gira sob os auspícios da nossa embriaguez
E depravamos olivas com dissimulada lucidez.


Nota: poema dedicado ao meu amigo poeta e pensador Otávio Moraes e às nossas aventuras etílicas, libertinas e filosóficas. Obrigado pela companhia, pela inspiração e por me fazer voltar a escrever poesia.

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