Saturday, December 6, 2014

A Via Láctea

O que importa o escuro à tua volta
Quando o teu brilho cintila?
És como uma estrela
Que lampeja na vastidão negra do espaço.
E, como ela, és apenas mais uma
Dentre a infinidade que te rodeia;
És apenas um pontinho luminoso
Que vive para radiar.

Sim, és apenas mais uma,
Mas, como todas as estrelas,
Tens luz própria
Para iluminar-te a ti
E a quem habita a tua órbita.
E quem tem luz própria,
Por menor e mais insignificante que pareça,
Tem a liberdade da autoafirmação,
E, ao contrário desses enormes planetas sombrios,
Não depende do heliocentrismo alheio.

Mas,
Mesmo sendo apenas mais uma,
O teu brilho interiorizado
Te revela o astro raro que és,
Porque não há nenhum outro igual a ti
Em meio a toda esta poeira cósmica.
Nem a outra estrela
Surgida no Big Bang da tua progenitora!
Pois então mais que o teu brilho natural
Eu celebro a tua singularidade,
Porque és única
E a Mãe Natureza nunca modelara
E nunca voltará a modelar
Alguém como tu.

És uma estrela,
Mas deambulas pelo meu universo
Como um cometa
Que passa e rabisca luz.
E é esta luz, fina e afiada,
Que rasga o peito
Deste astrônomo que te observa
Cá de baixo,
Deste telescópio enferrujado,
Cuja função é te ajustar
Ao tamanho do teu esplendor.