As paredes frias, amareladas
Sujas, rabiscadas e decoradas
Cansadas de tantas resmungadas
Saudades em retratos e papéis
ilustrados
As novas ideias já desbotadas
As obras mortas, emparedadas
Os montes de virtude inutilizada
Restos de comida carcomida
Os trapos fedidos com que eu me visto
Espalhados e amassados
Tresandam a perfumes amaldiçoados
Livros desonrados e abandonados
Poesia mofada, sem rima e cadência
O cheiro da inércia e da indiferença
O talento disperso e desperdiçado
Os planos ousados, todos mitigados
A janela que sopra o vento da madrugada
Que traz arrepios e calafrios
E me convida à vida que eu olho de
soslaio
E abre a porta por onde eu não saio.
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