A epopeia da martirização
O vício dos prazeres mórbidos
dos corações mutilados
O espetáculo agonizante dos
autoflagelados
Dos que não dormem com medo de sonhar
Dos que não acordam com medo de viver
Dos semblantes embrutecidos pelo
desgaste
Pela fraqueza e pela convenção
Pelo disparate das ondas
eletromagnéticas
O cataclismo da individualidade
A negação do não
O sim teleguiado
A arrogância dos desesperados
A monstruosidade das marionetas
A complacência dos que se iluminam
de quem tem luz própria
A miséria da ostentação
A imoralidade dos moralistas
O pudor despudorado
Desinfetado, higienizado
Desumanizado
O banquete da desvirtude no altar da normalidade
A luxúria dos oportunistas
Dos asseclas bem integrados
O clímax da procrastinação
O ódio desperdiçado e o amor em
distração
As ideias abortadas
E o medo cultivado
O cativeiro da coragem
O poema não rabiscado
Que, pela vida, eu não me ausente
Que dela eu seja consequente
Que, pela vida, eu não me ausente
Que nela eu viva sempre o presente