Thursday, June 5, 2014

Os Artífices

A epopeia da martirização
O vício dos prazeres mórbidos
dos corações mutilados
O espetáculo agonizante dos autoflagelados
Dos que não dormem com medo de sonhar
Dos que não acordam com medo de viver
Dos semblantes embrutecidos pelo desgaste
Pela fraqueza e pela convenção
Pelo disparate das ondas eletromagnéticas
O cataclismo da individualidade
A negação do não
O sim teleguiado
A arrogância dos desesperados
A monstruosidade das marionetas
A complacência dos que se iluminam
de quem tem luz própria
A miséria da ostentação
A imoralidade dos moralistas
O pudor despudorado
Desinfetado, higienizado
Desumanizado
O banquete da desvirtude no altar da normalidade
A luxúria dos oportunistas
Dos asseclas bem integrados
O clímax da procrastinação
O ódio desperdiçado e o amor em distração
As ideias abortadas
E o medo cultivado
O cativeiro da coragem
O poema não rabiscado

Que, pela vida, eu não me ausente
Que dela eu seja consequente
Que, pela vida, eu não me ausente
Que nela eu viva sempre o presente

Sunday, June 1, 2014

Para Sempre Perdido

Não estou perdido
Só desencontrado
Procurar-me é a sina
É tudo o que eu faço
A manhã suave
Que acorda comigo
Ilumina o caminho
Por onde eu sigo
O rescaldo da noite
O alvorar do sentido
Desabrigado da alma
Sou quase um sem-abrigo
Não estou perdido
Só desencontrado
Nesta busca constante
Não quero ser compensado
Eu me fiz nesta vida
Onde o incerto é lei
Na viagem perdida
Eu me reencontrei
Quanto mais me procuro
Mais eu fico perdido
Pela estrada que avanço
Ficam os meus vestígios