Tuesday, February 10, 2015

Uma Breve Eternidade

O que fazer destes poemas
E destas páginas rasgadas
E dos épicos epílogos
Desta obra inacabada?

E as canções que desafinam
Com os nós na garganta
E os acordes dissonantes
Que a minha mão já não alcança?

E a aflição das incertezas
Nas forasteiras madrugadas
E o alívio imediato
De quando, enfim, te entregavas?

E esta cidade ao avesso,
Será, então, desvirada?
E as inconsequências
Já não terão alvorada?

E os mistérios das ruas
Serão, então, revelados
Quando a tua presença
Já não espreitar de nenhum lado?

E todos aqueles cantos
Onde o teu mel eu bebi
Serão apenas guardiões
De nostalgia sem fim?

E a tua memória
Nesta cidade tão tua
Perseguir-me-á
Implacável por cada rua?

O que dirá o futuro
quando fores "só uma lembrança"
E eu andar pela Baixa
À procura da tua esperança?

O meu coração que é teu
Desprovido de razão
Sabe que inútil é o talento
Quando não há inspiração

Por isto a tua partida
Em virtude me empobrece
E a magnitude é só tua
Porque nada de ti se esquece

E do caos que é o teu mundo
Que ao menos possas entender:
No meu coração um dia entraste
Para mais forte ele bater.

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