A
robustez da tua ausente presença,
Tão
convidativa à loucura,
Tão
amarga e tão criativa.
Esta
cidade tão pequena para nós dois
Sugere
a surpresa inoportuna,
Atrai-nos
um ao outro
Por
essas ruas deslizantes e apelativas.
A
tua iminência sopra-me nos ouvidos
Como
uma brisa mensageira,
Como
o suspiro do perigo
Ou
como a sorte retumbante.
Nem
o inquieto manancial que nos separa
Resgata
trégua da inevitabilidade,
E
não oferece obstáculo
Ao
teu vício de invadir-me território
E
penetrar-me a temperança.
Estás
na silhueta ao relento,
Nos
caracóis deambulantes,
Nos
passos desajustados.
Estás
nas vestes banais,
Na
portugalidade,
Na
pronúncia do Norte.
Estás
nas ruelas,
Nas
calçadas vomitadas,
Nos
largos escuros,
No
trânsito ruidoso.
Estás
nos vultos dançantes,
Nos
passos cambaleantes,
Nas
gargalhadas estridentes.
Estás
nos casais que me atormentam,
Nas
aventuras noturnas,
Em
cada rosto que me encara.
Estás
no meu medo,
Na
minha aflição,
Na
ansiedade que corrói,
Na
eterna insônia.
Estás
em todo o lado
E
em lado nenhum.
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