O
que faremos deste edifício que chega às nuvens
Mas
que agora só oferece entrada para o inferno?
O
que faremos desta estrutura megalómana
Edificada
pela embriaguez, pelo desespero,
Pelos
exageros inevitáveis
E
pela cumplicidade mais pura?
Que
nos condene Afrodite
Pelo
pecado de não residirmos barricados
Contra
o mundo
Dentro
desta nossa construção tão dispendiosa
Erguida
num verão úmido,
Posta
à prova num outono labiríntico
E
abandonada no rescaldo de um inverno
Como
todos os outros.
Quem
a habitará,
Agora
que fugiste
Para
seres um sem-abrigo
À
mercê da tua própria chuva de inconsequência?
Sozinho
não caibo num espaço que é de dois!
Quem,
neste mundo, ainda terá a coragem
De
habitar o amor?
De
construí-lo! Tijolo a tijolo!
Mesmo
levando, quiças, fortuitas tijoladas.
Quem
se abrigará no amor alheio?
Que
ao menos se inspirem nas nossas ruínas
Antes
que elas desmoronem
Após
uma das nossas tempestades
Ou
se perca debaixo de uma avalanche
Deste
mundo frio.
Mas
o mais provável é que ela seja devorada,
Da
base ao teto,
Pelo
tempo.
E
apodreça carcomida pela flora
Das
sucessivas primaveras.
E,
talvez, num verão ensolarado,
O
acaso nos confronte,
E
com o amor já sepultado
Sob
as ruínas desta nossa obra
Talvez
possamos iniciar outra,
Menos
pesada e mais flutuante,
Ou
simplesmente deixar a chuva cair
Sobre
nossas cabeças
Sem
nos abrigarmos,
Até
que a enxurrada nos escorra para algum lado.
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