Friday, November 8, 2013

O Inverno

O silêncio, ensurdecedor,
pairando nesta lacuna emparedada;
ruidoso e pesado,
gélido e implacável.
O decoro do vazio,
cores desbotadas pela ausência de vida
nesta morte moribunda
que, preguiçosa, arrasta-se ao destino.
Penumbra ofuscada por raios de nostalgia
que vislumbram um passado tão ausente quanto este dia sem futuro,
flutuando no abismo noturno.
Figura caricata consumida pela lucidez de um relógio surdo,
que ignora o choro e a súplica.
Cubículos orwellianos,
alma engavetada em ficheiro de concreto,
contemplando a imensidão da própria insignificância.
Fugitivo que regressa a uma prisão sem grades,
voluntário da solidão,
enrolado nos cobertores do medo,
protegendo-se do frio da alma;
rajadas de vida certeiras
que ardem como o calor de uma morte anunciada.

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