Monday, January 4, 2016

Cracóvia

Não sei a que vim;
Afundo em rodeios
No silêncio sem fim,
Nos meus devaneios.

Da minha própria voz
O timbre não lembro,
O inverno é o algoz
Que sopra em Dezembro.

Na estrada perdi-me
Na ânsia maldita;
Paixão que não redime
E é tampouco proscrita.

Destes patéticos dias
Que já escuros começam,
As noites fazem as vias
Onde meus pés tropeçam.

Bebo da água insalubre
Que me corrói as entranhas,
Mas é o impuro horizonte
Que me retém as manhas.

Ao forte insinuante
Encaro de longe,
Pela janela do quarto
Onde me faço monge.

O flamejante dragão
É metáfora épica
Do ardente coração
Que falha na métrica.

A névoa sorrateira
Que empalidece o Vistula
É do futuro à beira
A percepção nula.

No comments:

Post a Comment